Ermida de Santo António

Em memória de Manuel Chaves Carvalho

Do Livro “Igrejas e Ermidas de Santa Maria em Verso“

 

Em mil cento e noventa e cinco, nasceu

Aos doze anos já era frade

Na cidade de Pádua morreu

Com trinta e seis anos de idade.

.

A sua mãe verdadeira

Vinha de antigas gerações

Era Dona Teresa Taveira

Seu pai Fernando de Bulhões.

.

Por Fernando se batizou

Logo após o seu nascimento

O nome para António mudou

Quando foi para o convento.

.

Usava uma grade para tapar

Os canários e os sachões

Os peixinhos vinham escutar

Os seus bonitos sermões.

.

Antigamente havia

Quem contraísse matrimónio

Precisamente no dia

Da Festa de Santo António.

.

Primeiro faziam um pedido

Ao seu Santo Padroeiro

Que geralmente é conhecido

Pelo Santo Casamenteiro.

.

A treze de Junho na Igreja

Da Senhora da Purificação

O Santo António se festeja

Com arraial e procissão.

.

Depois da missa há um leilão

Com ofertas dos paroquianos

Iniciativa do Padre João

Há cinquenta e três anos.(*)

.

Também arraiais faziam

A sua iluminação

Era com velas que ardiam

Nuns canudos de papelão.

.

Davam pouca claridade

O Padre reuniu o seu povo

E disse que havia necessidade

De comprar um motor novo.

.

Arranjaram dinheiro para comprar

Um motor, Lâmpadas e materiais

Que passou a iluminar

A igreja e os arraiais.

.

Hoje em dia a festa é

Um bocadinho diferente

Porque não há tanta fé

Como havia antigamente.

.

As festas eram mais engraçadas

Enfeitavam muito os andores

E enfeitavam a estrada

Com arcos e muitas flores.

.

Hoje enfeitam o chão

De uma maneira diferente

Porque não há população

Como havia antigamente.

.

Geralmente no arraial

Muita gente colabora

A nossa Banda actual

E cantadores que vêm de fora.

.

Manuel Chaves Carvalho

.

.

(*) agora a caminho de 64 anos.

.

Wikipédia:

A ermida já foi paroquial da freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Purificação. Com a construção da atual Igreja de Santo Espírito, de acordo com a informação do cronista, “(…) Esta foi a primeira freguesia, que era da Purificação de Nossa Senhora e, quando se mudou a igreja, lançaram sortes que santo ficaria, e saiu Santo António.” (Gaspar Frutuoso. Saudades da Terra. Livro III, Cap. V.)

FIGUEIREDO (1990) regista que nesta ermida ter-se-ia rezado a primeira missa ao Divino Espírito Santo, razão pela qual a paróquia passou a denominar-se “Santo Espírito” (op. cit., p. 47), também de acordo com Gaspar Frutuoso, referindo a mudança para a Igreja de Santo Espírito:

Chama-se ali Santo Espírito, onde dizem os antigos que na ilha de Santa Maria se disse a primeira missa do Espírito Santo, quando entraram nela, e dali ficou nomear-se ainda hoje em dia esta freguesia de Santo Espírito, sendo ela depois edificada, como agora está, da invocação da Purificação de Nossa Senhora, sem perder aquele nome antigo.” (Saudades da Terra, livro III, cap. V.)

Conservou-se esta ermida durante anos sem padroeiro, até que, durante a visita pastoral do então bispo da Diocese de Angra, D. Jerónimo Teixeira Cabral a Santa Maria em 1603, este a encontrou em poder de um mordomo negligente e descuidado e determinou ao vigário da freguesia que desse a igreja a pessoa que a pudesse sustentar. Desse modo, João Soares de Sousa, filho de Nuno da Cunha e neto do 3º capitão do donatário do mesmo nome, e sua esposa, D. Filipa da Cunha, por sua devoção com Santo António, obrigaram-se a sustentá-la, tomando-a à sua conta. Por escritura pública feita nas notas do tabelião Domingos Fernandes a 23 de junho de 1614 constituíram-se formalmente seus padroeiros, conforme o mandado da visitação do dito bispo. Estes mesmos, por seus testamentos, vincularam as suas terças, obrigando-as ao sustento e reparo da ermida, e a recomendaram aos seus descendentes e sucessores, que a administraram até ao século XIX, sendo o seu último administrador o morgado João Soares de Sousa Ferreira de Albergaria Borges de Medeiros (1832).[1]

A festa do padroeiro tem lugar, anualmente, ou no dia do padroeiro (13 de Junho), ou no domingo seguinte, assinalada por missa e procissão até à Igreja Paroquial.

O “theatro” do Divino Espírito Santo apresenta inscrição epigráfica que reza “1889 / Irmandade / S. A.“.